terça-feira, 27 de agosto de 2013

        Já fazem quase dois meses que estou pela Chapada dos Veadeiros e posso dizer que já adquiri algumas experiências e muito aprendizado.
        No mês passado rolou o 13º Encontro de Culturas da Chapada dos Veadeiros entre os dias 19 a 27 de julho, um evento sediado em São Jorge, um pequeno povoado composto de poucas ruas de areia, que na maioria do ano é pacato, mas quando chega o festival, enche suas pousadas e campings de gente do Brasil inteiro que vem prestigiar as oficinas e shows. Esse ano a maior atração foi o show do Lenine. Assim que pus os pés em São Jorge, me apaixonei, me deu vontade de morar lá, pra todo lado rolava um batuque, todos muito engajados com a música, diversas oficinas de percussão, tanto corporal quanto instrumental, oficinas de plantas medicinais, etc. Logo quando cheguei encontrei três argentinos muito gente boas que conheci em Floripa, Juan, Fermin e Dario, eles haviam me dito que viriam para Chapada, mas não sabia que seria tão rápido, fiquei espantada com tamanha coincidência, foi muito bom pra me sentir mais em casa.
         Outro Festival que rolou por aqui foi o Festival de Música Eletrônica do Kranti, esse foi um dos motivos pra eu ter vindo pra cá, porém, antes de vir, tinha decidido não gastar com isso, mas no fim das contas acabei indo, com o Prabuphada e o Rondon, dois amigos que fiz aqui, os dois toparam tentar entrar pelo mato e foi uma aventura, hahaha, passamos por pastos, brejos, enfiamos o pé na lama, passamos por buracos enormes, tudo isso na escuridão, quase fomos pegos, mas no fim das contas conseguimos entrar sãos e salvos, nunca tinha ido num festival desse porte e realmente é muito legal, toda uma estrutura de camping, decoração, produtos, comida, som, enfim, outro patamar, e tudo isso de graça foi melhor ainda hahaha pena termos ficado só um dia.
         Conheci algumas cachoeiras iraaadas, um cenários muito diferentes com uma energia divina, os banhos de cachoeira realmente são terapêuticos, aquela força colossal caindo sobre suas costas tira qualquer encosto que estiver sobre sua aura. Vi o Vale do Paranã, o lugar mais alto que já fui na vida, um contraste entre a serra a planície que se segue até perder de vista na linha do horizonte.
          Mas nem tudo tem sido flores, tive um desentendimento com a mulher que estava me oferecendo abrigo, porém, como Deus escreve certo por linhas tortas, conheci uma pessoa que já virou um grande amigo, Rondon, o cara que citei acima, ele tem umas kitnets na cidade onde ele mora e disse que se eu precisasse ele me alugava, e foi assim que vim parar em São João D'Aliança, fica a 60km de Alto Paraíso. São João é bem diferente de Alto, aqui não é uma cidade turística (pelo menos por enquanto, pois tem muito potencial), a população é em maioria nativa, comida e aluguel são mais baratos, tem menos criminalidade que Alto e mais campo de emprego, mas a parte urbana da cidade é tão pequena quanto Alto, equivale a um bairro em Florianópolis. O povo dessa região, pelo menos os que são daqui, são mais fechados, mas gostam de um uma festa, até passada estava contecendo o Muquém, uma festa "religiosa" que dura um mês, ponho o religiosa entre aspas porque o pessoal vai pra lá é pra beber, o povo larga tudo pra ir pra lá, emprego, loja, hospital, a cidade fica vazia nessa época.  Me mudei faz umas três semanas, moro no mesmo terreno que o Rondon e sua mãe mora na kitnet ao lado da minha, dona Gisele, uma senhora muito iluminada e que, apesar dos problemas que lhe aconteceram na vida tem plena consciência que tudo que nos acontece aqui é pra nos lapidar e nos tornar seres melhores. Os dois tem sido de grande ajuda, tanto no lado material, quanto no lado psicológico e espiritual. Me apaixonei pela cachorra deles, Rilli, uma cadela muito da parceira que tem me feito companhia. Todo dia sou presenteada com um lindo pôr-do-sol de cores inexplicáveis que me enchem de uma sensação de paz.
           Não demorou para arranjar um trabalho, estou há alguns dias trabalhando em um posto de gasolina, justo eu que não entendo nada de carro hahaha, mas vai ser útil pra aprender. Prestei vestibular para biologia em uma faculdade a distância e passei!!
           Enfim, por enquanto acho que é isso, estou morrendo de saudade de Floripa, do cheirinho de mar, da brisa da praia, da minha família, dos meus amigos, do meu cachorro, não vejo a hora de voltar, mas ao mesmo tempo estou gostando muito de toda essa experiência, está me trazendo várias situações que envolvem o passado e o presente e cada situação trouxe um pouco mais de amadurecimento e consciência e eu agradeço aos céus por estar vivendo isso nesse lugar de energia tão forte.
         









                                                                Cachoeiras dos Cristais



                                                                     Palco Raizama
                                                                    Cachoeira Raizama

                             Não sei se sou só eu que tenho essa brisa, mas essas pedras parecem rostos esculpidos.

                                           
                                                                       Vale da Lua





Oficinas



             Localizado próximo a São Jorge, estava a Aldeia Multiétnica que reuniu povos indígenas de vários estados brasileiros e até de outros países, onde mostravam um pouco da sua cultura através de seus rituais.






 

                                                    Pintura indígena a base de jenipapo.







                                                             Cachoeira São Bento






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