terça-feira, 19 de novembro de 2013

Últimos momentos de mais um ciclo.

Hoje, enfim, é meu último dia na Chapada, amanhã de manhã estou partindo rumo à Brasília pra pegar meu voo. É, passou rápido esses cinco meses. Parece que foi ontem que saía de Floripa aquela menininha morrendo de medo do que vinha pela frente, com medo de deixar sua família, seus amigos, sem saber o que esperar, mas não me arrependo nenhum pouco, uma das coisas que aprendi é que a vida é um eterno exercício de aprender a abrir mão, só assim para se receber de volta. Muitas vezes chorei com saudade de casa, querendo o colo da minha mãe, só quando estamos longe da família para perceber o quanto eles são importantes e o quanto eu não dava valor, mas aguentei, pois era o que me restava. Passei alguns perrengues, mas poucos, mesmo quando era para eu ter ficado sem ter pra onde ir, Deus não deixou me faltar o necessário. Me vi, pela primeira vez, em meio à outra cultura totalmente diferente. Conheci lugares lindos, puros, com uma beleza divina. Passei calor para caramba e por incrível que pareça, comecei a dar mais valor para a chuva. Conheci bastante gente, mas amigos mesmo, fiz dois que espero levar pro resto da vida. Compreendi muito mais a importância da criação dos pais, pois é nessas horas que a gente põe nosso caráter em prova. Eu, que era tão preocupada com a imagem, por mais que não admita muitas vezes, estou levando uma cicatriz no rosto de lembrança, para aprender que essa tal "imagem" é frágil e se perde, tanto agora, com um tombo de skate, como daqui há quarenta anos, com a velhice. Meditei, pensei, compreendi melhor as coisas espirituais, entendi que se eu me agarrar a meus medos, preocupações e egoísmo, não vou ver o lado bom da vida, que é o amor, por mais piegas que isso seja, é a mais pura verdade, falta amor nesse mundo para ajudar a si mesmo e para ajudar ao outro. Senti menos falta do mar do que achei que iria sentir. Andei muito pelo mato. Comi pequi, cupuaçu, mangaba. Vi emas e seriemas, vi araras de cores lindas! Aprendi a cozinhar na marra, aprendi a dirigir, aprendi algumas músicas no violão, tudo isso graças ao Rondon. Estou inscrita na faculdade para cursar Biologia que, se eu fizer vou ter que voltar para cá ano que vem, talvez não seja um tchau definitivo. Enfim, sinto que cresci muito nesse meio tempo, vou voltar e enxergar Florianópolis com outros olhos. Mas ainda falta muito para crescer, porém saio daqui mais ciente de aonde estou errando e do que devo corrigir. Essa viagem só me instigou ainda mais a viajar, há tanto lugares nesse Brasil continental, cada estado é um mundo à parte! Estou voltando para minha terrinha feliz da vida de rever todo mundo e de poder sentar nas dunas do Campeche e olhar o mar, mas ao mesmo tempo não quero parar por lá e não vou. Por hora o blog fica encerrado com suas poucas postagens, mas muitas lembranças que me dão um calorzinho no peito, e só tenho a agradecer por essa experiência. É isso, então até breve!


São Jorge

        Semana retrasada resolvi pegar uma carona e ir para Alto Paraíso, porque tinha que resolver algumas coisas por lá em relação à faculdade, aproveitei e fui até São Jorge, foi muito bom retornar e ver São Jorge sem toda aquela muvuca do festival, com o povo morador mesmo e a vila tranquila que só. Sei que ainda não conheci muitos lugares na minha vida, mas aquela vila é especial, pra mim, é o ápice da Chapada, onde me senti melhor.

         Eu mais umas pessoas que conheci lá fomos a um mirante que fica em uma antena, acho que foi o lugar mais alto que já fui haha. Essa é a vista de lá:   

    

           Fui também em um casa de instrumentos, um mais louco que o outro, com sons mântricos, feitos com material orgânico, Bambu, Buriti, etc... Troquei uma cabaças por um xequerê, uma espécie de chocalho.

                             

                             

                                            

          O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros fica lá em São Jorge também, com várias cachoeiras e cânions, tem até um salto de 120m! Mas eu não fui, vou ter que deixar pra próxima. Eu fui mesmo na Cachoeira Carioquinhas, com uma trilha de mais ou menos 4 km, morri né! hahaha, Mas foi muito bom, valeu a pena!
                            


 

 

 

 

 

 

 

 

 

sábado, 16 de novembro de 2013

Parceira!

Um post especial para minha companheira de cada dia: senhorita Rili. Essa salsichinha que alegra o meu dia,  que me encanta com esses olhinhos brilhantes, que me baba toda com suas lambidas, que me consola quando estou me sentindo triste e sozinha e que oferece seu amor sem esperar nada em troca, vou sentir falta dessa mocinha.








sábado, 9 de novembro de 2013

Ahhh o Cerrado!

Desde que botei os pés em terra goiana percebi que esse céu diferente, nos trilhos de um trem em Brasília é que vi o primeiro pôr-do-sol. A altitude e a secura fazem as cores vibrantes e bem definidas, o vermelho, o laranja, o rosa, cruzando o azul límpido fazendo do céu um arco-íris gigante, e as nuvens... ahh as nuvens, um capítulo à parte! Sua forma é quase tocável e viram espelhos refletindo os últimos raios do sol no dia, uma pintura natural e harmônica cortada pelo verde das montanhas e muitas vezes, pelo colorido das araras.                                

                     

                                    

                     
                                   
E quando o sol vai embora fica ainda melhor, ainda mais quando se está longe da cidade, fiquei extasiada quando vi pela primeira vez o céu num breu absoluto em meio ao mato,  fica repleto de pontinhos de luz preenchendo o espaço negro de uma forma que nunca havia visto antes. Árvores retorcidas de muitas flores e poucas folhas fazem parte dessa vegetação guerreira que, por muita vezes passa por queimadas, mas logo volta a crescer como se nada tivesse acontecido.




           A Chapada é uma overdose de natureza, tem me feito muito bem presenciar esse cenário todos os dias, uma beleza indescritível que só conhecendo mesmo para saber o que é, aqui vão alguns poucos registros fotográficos que fiz, não captam nem metade do que realmente vejo, mas que já vale para guardar na lembrança com muito carinho.



   

   

   

Alto Paraíso

       Há mais de um mês sem postar, criei vergonha na cara e estou aqui, mas tenho meus motivos, eu não estava conseguindo acessar o blog e a internet não tem colaborado muito, então tinha decidido largar de mão já que em breve estou indo embora mesmo, mas enfim, voltei e vou tentar fazer o máximo de posts que o que me resta de tempo aqui me permitir.
       Daqui há exatos 12 dias estarei voltando para Florianópolis, minha temporada no Cerrado está se encerrando, pelo menos por enquanto. Não sei se vou ficar em Floripa ou não, provavelmente não, pretendo voltar para lá para juntar dinheiro para viajar de novo, mas até lá tem muito chão ainda.
       Ultimamente tenho passado meus dias em casa, lendo bastante e pensando na vida, já sentindo aquele gostinho de nostalgia, porque apesar de estar feliz em poder voltar, vou sentir muita falta desse lugarzinho no meio do Brasil, principalmente de Alto Paraíso. Mas o que lá tem de tão especial? Bom, vamos lá. Essa cidade é formada em cima de dois dos grupos rochosos mais antigos do planeta, Araí e Paranoá, onde pode ser encontrado, com facilidade, pelas ruas mesmo, cristais de quartzo. Fica numa altitude de 1.200m, o clima é marcado pelas temperaturas amenas, não só em Alto, mas na região do Goiás toda, o que eu adorei, nem muito frio, nem muito quente e pouca chuva, ai ai, o paraíso!  A região viveu do garimpo de ouro, e ainda no século XVIII se via a presença de escravos negros, hoje em dia, os descendentes destes escravos, chamados calungas, vivem em comunidades auto-suficientes em toda região da Chapada dos Veadeiros.
      As coisas começaram a mudar em Alto Paraíso por volta dos anos 80, quando os alternativos começaram a chegar. Desde então muitos grupos esotéricos apareceram por lá, uns defendendo que Alto Paraíso seria o melhor lugar para a criação de uma nova civilização após o terceiro milênio, outros dizendo que lá havia muitos contatos extraterrestres, tanto que a cidade é cheia de referências a isso, com desenhos de E.T's e até a entrada da cidade é em forma de disco voador. Os motivos para essa cidade ser considerada tão especial é que a energia do cristal de quartzo é associada à energia do coração, o que a faz ser considerada o "chakra cardíaco do planeta", e também por passar pelo paralelo 14, o mesmo que passa por Machu Pichu. Essa encarnação de jornalista tirei do livro "Altas Histórias do Paraíso".
     Enfim, é difícil explicar o que é Alto Paraíso sem conhecê-la, repleta de cachoeiras lindas, de montanhas que parecem vivas por todos os lados, ruas que cheiram a incenso e pessoas com uma consciência mais ampliada. Lá também é legal por causa da cultura, há muitos cursos de diversas coisas, cheguei a fazer uns dias de curso de yoga e de meditação e fiz um curso de plantas medicinais. Fui também em uma casa de ritual com ayahuasca, um chá que mistura duas plantas amazônicas, muito utilizado pelos índios para entrar em conexão com o divino. Foi uma experiência realmente muito boa e esclarecedora sobre mim mesma. Mas com a vinda do turismo veio também os problemas de cidade grande, nada comparado aos problemas das grandes metrópoles, mas aos poucos, Alto Paraíso está se tornando uma mini-babilônia, é a consequência da ação humana, porém, mesmo assim, não perde seu encanto.
                             

                                   Jardim de Maytrea, caminho para São Jorge, lindo, lindo, lindo!